O CAVALO VERMELHO: SÍMBOLO DO COMUNISMO
Dom Bosco disse a alguns que lhe rodeavam depois do almoço:
— Este mês teremos que assistir a um funeral.
Em distintas ocasiões repetiu o mesmo uma e outra vez, mas sempre ante um reduzido número de ouvintes.
Estas
confidências despertavam nos clérigos uma grande curiosidade, de forma
que, nas horas de recreio, quando as ocupações o permitiam, rodeavam ao
(Santo) com a esperança de ouvir de seus lábios alguma novidade, e uma
delas foi, como o compreenderam mais tarde, a intenção de (São) João Dom
Bosco de fundar um instituto para atender às meninas. Em efeito, assim o
consignaram por escrito Dom Bonetti e Dom César Chiala.
Em 6 de julho o bom pai narrou a
alguns de seus filhos o seguinte sonho que teve na noite do 5 ao 6 do
dito mês. Estavam pressentes Francesia, Savio, (Beato) Miguel Rúa,
Cerrutti, Fusero, Bonetti o Cavalheiro Oreglia, Anfossi, Durando,
Provera e algum outro.
Esta noite — começou (São) João
Dom Bosco — tive um sonho singular. Sonhei que me encontrava com a
marquesa Barolo e que passeávamos por uma praça situada diante de uma
planície muito extensa. Via os jovens do Oratório correr, saltar, jogar
alegremente. Eu queria dar a direita à marquesa, mas ela disse-me:
— Não; fique onde está.
Depois começou a falar de meus jovens e dizia-me:
— É tão boa coisa que se ocupe dos jovens! Mas deixe-me a mim o cuidado das jovens; assim iremos de acordo. Eu repliquei-lhe:
— Mas, me diga: Nosso Senhor Jesus Cristo veio ao mundo para redimir somente aos jovenzinhos ou também às jovenzinhas?
— Sei — replicou — que nosso Senhor redimiu a todos: meninos e meninas.
— Pois bem; eu devo procurar que seu sangue não se derramou inutilmente, tanto para as jovens como para os jovens.
Enquanto estávamos ocupados
nesta conversação, eis aqui que entre meus jovens que estavam na praça
começou a reinar um estranho silêncio. Deixaram todos seus
entretenimentos e deram-se à fuga, alguns para uma parte, alguns para
outra, cheios de espanto.
A marquesa e eu detivemos o
passo e ficamos durante uns momentos imóveis. Procurando a causa daquele
terror demos uns passos para frente. Levanto um pouco a vista e eis
aqui que ao fundo da planície vejo descender até a terra um cavalo
grande... imensamente grande... O sangue gelou-se nas veias. — Seria
como esta habitação? —, perguntou Francesia. — Oh, muito maior! —
replicou (São) João Dom Bosco —. Seria de grande e de alto como três ou
quatro vezes mais que este local, e mais que o palácio Madama (este
palácio é um dos grandes palácios da cidade de Turim). Em resumidas
contas, que era uma besta descomunal. Enquanto eu queria fugir temendo a
iminência de uma catástrofe, a marquesa Barolo perdeu o sentido e caiu
ao chão. Eu quase não podia ter-me de pé, tanto tremiam os meus joelhos.
Corri a esconder-me detrás de uma casa que havia a muita distância, mas
de lá jogaram-me dizendo:
— Saia, saia; aqui não tem que vir!
Enquanto isso eu me dizia mesmo:
— Quem sabe que diabo será este
cavalo! Não fugirei, adiantarei-me para examiná-lo mais de perto. E
embora tremesse de pés à cabeça, armei-me de valor, voltei atrás e
aproximei-me.
— Ah! Que horror! Aquelas orelhas rígidas! Aquele focinho descomunal!
Às vezes parecia-me ver muita gente em cima dele; outras vezes, que tinha asas, de forma que exclamei:
— Mas isto é um demônio!
Enquanto o contemplava, como estava em companhia de alguns, perguntei a um dos pressentes:
— O que quer dizer este enorme cavalo?
O tal respondeu-me:
— Este é o cavalo vermelho: Equus rufus, do Apocalipse.
Depois despertei e encontrei-me
na cama muito assustado e durante toda a manhã, enquanto dizia Missa; no
confessionário tinha diante de mim a (memória) daquele animal.
Agora desejo que algum averigúe
se este "equus rufus", nomeia-se verdadeiramente nas Sagradas
Escrituras, e qual é seu significado.
E encarregou a Durando de que
procurasse a maneira de resolver o problema. (Beato) Miguel Dom Rúa fez
observar que, realmente no Apocalipse, capítulo VI, versículo IV,
fala-se do cavalo vermelho, símbolo da perseguição sangrenta contra a
Igreja, como explica nas notas da Sagrada Escritura, Mons. Martini. Eis
aqui as palavras textuais do livro sagrado:
Et cum aperuisset sigillum secundum, audivi secundum animal, dicens: Veni et vede. Et
exivit alius equus rufus: et qui sedebat super illum datum est ei ut
sumeret pacem de térra, et ut invicem se interficiant et datus est ei
gladius Magnus.
Quando abriu o segundo selo, ouvi o segundo animal clamar: Vem!
Partiu então outro cavalo,
vermelho. Ao que o montava foi dado tirar a paz da terra, de modo que os
homens se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.
No sonho de (São) João Dom Bosco
parece que o cavalo representasse o comunismo, que procedendo
furiosamente contra a Igreja avançava conspirando contra a ordem social,
sem deter-se nem um só passo; impunha-se aos governos, nas escolas, nos
municípios, nos tribunais, desejando realizar a obra destruidora
começada com o apoio e cumplicidade das autoridades constituídas, em
prejuízo da sociedade religiosa e de todo piedoso instituto e do direito
de propriedade.
(São) João Dom Bosco disse:
— Seria necessário que todos os
bons e nós em nossa pequenez procurássemos com zelo e entusiasmo pôr um
freio a esta besta que irrompe em qualquer parte aloucadamente.
De que maneira? Pondo em guarda
aos povos mediante o exercício da caridade e com a boa imprensa que
contrarie as falsas doutrinas de semelhante monstro, orientando o
pensamento dos povos e os corações para a Cátedra de Pedro.
Nela
está o fundamento indubitável de toda autoridade que procede de Deus, a
chave mestra que conserva toda ordem social; o código imutável dos
deveres e dos direitos dos homens; a luz divina que dissipa os enganos
das mais inflamadas paixões; aqui o fiel guardião e o defensor poderoso
da moral evangélica e da lei natural; aqui a confirmação da sanção
imutável dos prêmios eternos reservados a quem observa a lei do Senhor e
as penas igualmente eternas para os transgressores da mesma.
Mas a Igreja, a Cátedra de São
Pedro e o Papa, são uma mesma coisa. Portanto, para que estas verdades
fossem acatadas por todos, (São) João Dom Bosco queria que se fizessem
toda sorte de esforços por desfazer as calúnias contra o Pontificado e
que se dessem a conhecer os imensos benefícios que Roma reporta à vida
social e se procurasse avivar em todos os corações, sentimentos de
gratidão, fidelidade e amor para a Cátedra de Pedro.
(São João Bosco - M. B. Volume VII, págs. 217-218)
Fonte: Sonhos de S João Bosco
Grupos de Estudos São Pio X da Arquidiocese de Ribeirão Preto
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